domingo, dezembro 18, 2005

Amo-te

Eu pensava que dizia amo-te para me prometer-te em dádiva. Para me oferecer-te. E por isso não escrevi aqui. Se é apenas algo entre mim e ti não tem nenhum sentido escrever aqui que te amo. É até pires, quiducho, e este blogue embora ande muito meloso nesse domínio, tem ainda assim alguma reserva. Algum pudor. E por isso apaguei a palavra amo-te. Paguei dois euros do ciber café e vim para a rua. A Rua da Rosa, é aqui que te escrevo. E, de mim para mim disse, amo-te. Não era obrigatório. Ninguém ouviu. Tu não me ouviste. Quer dizer, a parte de ti que tem andado comigo, que de mim nunca se aparta, talvez tenha ouvido, não sei, provavelmente. Amo-te, disse. E repeti. A certa altura sussurei - claro que disse indecências - percorri assim todo o caminho. Cruzei para a Travessa da Queimada. E a certa altura percebi. Dizer-te que te amo melhorou muito a forma como a seguir olhei a rua. Senti até vontade de subir a cabeça para o céu. E ai não hesitei, qual pires, qual trôpego, qual ridiculo, a declaração de amor não é um exclusivo de marketing do Pedro Miguel Ramos e é, será sempre, um grito político. Voltei atrás. Meti mais cinquenta cêntimos no obliterador do computador aqui do ciber café. O respirar também é um blogue político.

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