sexta-feira, dezembro 05, 2008

Onde?

Arrumo, arrumo, arrumo. Metade da minha vida, metade?!, dois terços da minha vida é caos, um terço, um terço?!, um milésimo avo, é ordem. Sou desse lugar ainda por existir. De entre o futuro lixo, recortes de imprensa, entrevistas, reportagens, textos. Caderninhos de sentimentos que hoje nos fazem corar, sorrir. Houve um de mim que morreu e sobre esse vazio, construo, aos solavancos, a minha nova identidade. Há meia dúzia de anos escrevi a meio de uma angústia, faz algum sentido que numa idade em que os meus companheiros de bilas já começam a pensar em pprs eu ainda esteja aqui às voltas com a minha identidade? Hoje já não prefaciaria tamanho disparate. Bem aventurados os que renascem e renascem e renascem até ao fim. Entre os papéis, um recorte de um texto de Eduarda Dionísio sobre João Martins Pereira que de repente me acorda para aquele lugar, a Abril em Maio, que esse sim era um lugar. Um sítio. Tenho saudades de lugares assim. Imagino-os no futuro. Sítios, lugares, onde seja possível viver a nossa sede, a nossa fome de fraternidade, de empatia, de vidas abertas sobre a poesia, sobre o mistério, a alegria, o brinde. Os lugares que eu imagino são todos no futuro.

3 comentários:

Luísa disse...

também eu aproveito uns dias de folga para arrumar... arrumar... ou dar outra ordem/des-ordem?! não é assim que o mundo nasce cada dia para nós? ... ainda bem que continuamos vivos - 'sentidos' - buscando sempre o nosso lugar (efémero?)
... e trazendo esse futuro para cada agora.

mfc disse...

Acho mesmo que somos uma interrupção.

osbandalhos disse...

Não acredito que imagines. Mas acredito que imaginarás.