quarta-feira, julho 16, 2003

Desde que criei o meu blog uma das coisas sobre as quais me questiono, é o modo como aqui estou, principalmente por me dar conta de outras maneiras e modos de ser e estar nos blogs. Por exemplo: No Campo de Afectos, CAM, escrevia há alguns dias, a propósito de um maldito contador que lhe estava a atazanar a a cabeça, que procurava não tornar o seu blog algo umbilical, fechado. No Abrupto, JPP, escrevia também, a propósito da inclusão dos emails que lhe enviavam, que tentava fazer uma edição, como se de um jornal se tratasse. No Prazer Inculto, PC, tem comentários online, o que pressupôe uma ainda maior abertura à comunicação. No Blog de Esquerda, há para além do mais, uma intenção de actualizar um debate político, mesmo que de uma forma mais aberta do que aquela que geralmente atribuimos à referida prática. Tudo isto está muito bem e que assim continue. Sendo um espaço destruturado, a net, a forma como nele nos preenchemos é que é estruturante desse mesmo espaço. E se para uns ele é o site que não poderiam ter de outra forma, dada a simplicidade e o imediatismo desta linguagem, para outros, e provavelmente estarei mais perto desta ideia de blog, ele é uma oportunidade para uma escrita diária, ao sabor dos humores, afectos e obsessões do momento. A blogoesfera vem refrescar o ciberespaço com uma área onde cada um pode assumir que mesmo que sem nenhuma carga útil, a escrita, escrever, pode ser gesto poderoso de auto reformulação. Que bom poder escrever sem a preocupação de ser lido. Continuo a pensar isso, embora seduzido também pela forma como outros blogistas andam por aqui ( e já falei de alguns deles que mais me atrairam), que a blogoesfera não é para ser lida, é para ser escrita. É claro que isto só é cristalino quando é proferido. Basta as palavras escarrapacharem-se na folha virtual ficam logo, perplexas a duvidar disso. Se é para ser escrito porque ponho contador? Porque ponho avaliação que dá direito a entrar num painel de links para blogs? Dou-me conta no entanto que essas estratégias de comunicação incrustadas na própria arquitectura do blog não desafiam o essencial desta conversa de cada um consigo mesmo. E de repente a sairmos do nosso umbigo e a irmo-nos perder-nos noutros umbilicais blogs. Como me aconteceu ontem com o sem querer penso, em que me perdi na beleza das imagens, dos textos...ou hoje com outros blogs que ainda não linkei. Conversa que fica a meio...outra vantagem dos blogs...

1 comentário:

Anónimo disse...

Obrigado por Blog intiresny