segunda-feira, agosto 04, 2003

quando tudo o fogo arde...

vim hoje de cernache de bonjardim. já se pode ir pela estrada de vila do rei. pode-se e não se pode. é impossível respirar aquele ar, ver aquela devastação. andamos mais de vinte quilómetros onde a cinza marca o horizonte. até onde vai o olhar. paradoxo monstruoso, quem de longe e de cima olhar as copas verdes dos pinheiros e o chão ralo, talvez se detenha a pensar, " que matas tão limpas estas, as do reino de Portugal". [trata-se de um crime contra a humanidade. ontem, anteontem, antes de, já se ouviam as vozes roucas dos madeireiros a oferecerem preços de uva mijona pelo madeirame queimado. que vão vender ao mesmo preço, em aglomerados disto e daquilo. há-de alguém ainda ficar a lucrar com a tragédia. muito poucos, é certo. talvez involuntários. não digo que não. mas que lucro haverá deste horror, isso é certo. deveria-se, urgentemente, impedir isso. ouvir o tilintar das moedas nos bolsos dos madeireiros neste momento vai para além do inferno que foi ouvir o crepitar do enorme fogaréu em que se transformou este país.]

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