quinta-feira, fevereiro 12, 2004

E Bush não tem nada a ver com esta história...

Safei-me a tempo. Confesso que estava a ficar preocupado. Deparando-me adepto do célebre eixo do mal de G. W. Bush. Diabolizando-o. De repente estava a ficar tão idiota quanto este texano. Até que num dia destes fui ao cinema. Com uma amiga. Precisava de falar com ela. Um olhar dez anos antes, quando nem sempre o tempo é uma ciência, por vezes é precioso. Acresce que este, por razões outras, o será duplamente. Até que de repente me dei no Corte Inglês, num cenário de luzes, plástico, néons, com uma baguete enorme da companhia das sandes a entupir-me a boca, a boca que sobrava da batata frita ou da fanta, e calhou olhar para cima. Desde miúdo é assim. Pressinto que um absoluto vai estatelar-se a meus pés e, preventivamente, coloco os meus olhos no limite do horizonte vísivel. Ainda falta mais um pouco de barroco nesta grosseira invenção do futuro: uma enfiada de lâmpadas a piscar dão o toque futurista a esta miragem. Fiquei mais aliviado. Quem me fode a vida não é o Bush, o Durão, o Portas, a Manuela Ferreira Leite, o Bispo de Braga ou o Pinto da Costa. Quem me lixa a vida sou mesmo eu. Eu e aqueles que mais amo, quero, desejo.

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