sexta-feira, abril 30, 2004

' Tou que tou. ' Tou de Pai.

Todo eu tremo. Estive vinte minutos ao telefone com a minha ex. "- É em jejum? E come o quê, de fruta? Bebe leite? Só leite? E de quanto tempo em quanto tempo é que ele come? Não te esqueças do roupão...olha, vou-lhe dar banho de manhã...De manhã não há tanto frio... E prá pele? Vais mandar aquela mistura com vaselina? Não te esqueças do casaco. Vai estar frio. E eu quero-o levar ao mirador antes de nos deitarmos. ' Tou que 'Tou. Tou de Pai. É a primeira vez que ficaremos a dormir na minha casa e na dele. "O Pedro tem duas casas, não é pai? Tem uma casa que é do Pedro e da Mãe e outra casa que é do Pedro e do Pai." Já conhece a casa. Sabe onde é a cama dele. Onde é que ficam as marionetas do pai. O Castelo de S. Jorge que se vislumbra da janela. E o rio. " Vamos jantar fora hoje, hoje vamos jantar fora. Também não lhe faz mal nenhum. Vou levar também a bicicleta e o capacete." De manhã já andei a medir os passeios livres de carros na Damasceno Monteiro, arranjando uma filada que me dê para chegar são e salvo com ele. É dificil. Muito díficil. Talvez demasiadamente dificil para aquilo que seria desejável ou aceitável pensando que muitas daqueles carros são de famílias com crianças. Não irei fazer teoria sobre o assunto. A consciência cívica é a última das revoluções. E o pior que a sua ausência pode fazer é despertar em nós desejos recalcados de polícia sinaleiro. Assemelhamo-nos tão facilmente aos nossos monstros. Tou que 'Tou. Tou de Pai. Já imaginei a estrada imensa que se seguirá. Já pensei na magna lição, a primeira: "Lição sobre a Irresponsabilidade" Ao jeito das que ele gosta, como a do Peter Pan.

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