quarta-feira, junho 16, 2004

As Democracias dos Partidos

Ferro manifestou-se candidato. Lamego chegou-se á frente. Sócrates, espera. João Soares deverá avançar. O que me espanta é que estes movimentos sejam tidos em muitas análises como afrontamentos a uma liderança ou como enfraquecimento de um projecto político. E não é tanto espantar-me. É pensar que isso terá algo a ver com uma caracterização muito peculiar das democracias dos partidos - e o plural já surge aqui para perturbar o sentido - onde a ideia da estabilidade surge associada a uma outra ideia, a da liderança incontestada. E eu apenas imagino e desejo uma convenção socialista animada pelos jogos eleitorais na clareira da prática política. Tenho para mim que Eduardo Ferro Rodrigues ainda tem um excelente contibuto a dar e que ele passará por ser o candidato a primeiro-ministro que há muito a esquerda merece. Tenho aliás pena de que a vida dos partidos está mesmificada ao ponto de perfis como o de secretários gerais dos partidos terem de ser cumulativamente os de candidatos a chefes de governo. Este é um aspecto de menoridade política da vida dos partidos que espero poder ainda desfrutar de modo diferente. Governar um Partido e Governar um País são tarefas totalmente diferentes. Ferro Rodrigues aparece-me como um candidato natural a primeiro ministro, assim como, entre outros, José Socrates. Já António Costa ou Paulo Pedroso, que não têm para mim perfil para chefes do governo, me parece terem o perfil para criarem um projecto de vida partidária que seja um contributo para a actividade política nacional. É um delírio meu, eu sei, mas como eu gostaria de ter na próxima convenção socialista uma proposta para um candidato socialista a Primeiro Ministro, e uma outra para um candidato a lider do Partido Socialista...

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