quarta-feira, julho 28, 2004

SUDÃO

Porque não há descanso possível quando não nos insurgimos contra a barbárie, um último post, antes de ir de férias, correspondendo ao desafio da Rua da Judiaria. O primeiro momento é de espanto diante da minha falta de informação sobre o que está a acontecer. Por isso procurei nas edições online do DN, Público e Expresso. Não encontrei nada. Se lhe aconteceu o mesmo que eu, tem aqui um excelente texto informativo. Neste caso os blogues são uma alternativa. Sou muitas vezes surpreendido por um pensamento que vem dos meus primeiros amores pela política, enquanto lugar onde podia dar algum sentido à minha revolta, e que terá talvez alguma reminiscência cristã (já que o Cristo que eu conheci e amei na infância não se deixava corromper por toda esta mentira apostólica romana ): "só podemos aceitar conviver com a barbárie, com a destituição do humano, quando nós mesmos nos desumanizámos". Este discurso quase roça o patético. Que consciência pode ter quem, a troco de uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma, aceitou a sua desumanização? Quase patético. A blogosfera é uma peça na engrenagem. Sigamos em frente. Que seja inútil. Não, não é por haver o risco da inutilidade que deixarei de me insurgir contra a barbárie. De dizer que não necessito de grande experiência na arte da representação para sentir que eu também faço parte dos espoliados, roubados, violados. Que uma parte de mim, de nós, na nossa humanidade, se perde assim.São só palavras e estou ainda aqui sentado antes de ir para férias. É verdade. São palavras. Nem apenas nem o bastante.

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