sexta-feira, setembro 17, 2004

Dispidji longô sae guloso

Soube-me bem ontem aquele breve e silencioso adeus na pista do B.leza. Eu teria talvez feito de outro modo, com outro tempo, com outro verbo; talvez me sobreviesse aquela mania de atar um sorriso na correnteza do olhar. Mas a verdade é que eu nunca soube despedir-me. Soube-me também bem, tão bem ver a tua solidão envolta, enlaçada no afecto, na fome, no desejo de um macho, de um irmão. Nem sempre consigo cultivar aquela ideia de que a nossa existência é iluminada pela tentativa de, ao nos cruzarmos com uma alma, a deixarmos ficar numa posição um pouco mais confortável do que a encontrámos e por isso, alegro-me pelo desvelo com que a vida cuida dos seus vivos. Dispidji longô sae guloso, fiquei com o Justine, tu com o Leo Ferré, um dia poderemos trocar, nada disso é mais do que o segundo que leva a proferi-lo. O único em que não penso porque ainda não sei, pensá-lo, foi não me ter despedido delas, das quatro, dispenso o imperador, mas isso, creio, pior ou melhor, fizeste-o.

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