terça-feira, setembro 28, 2004
Disseste-me que te ajudei a escrever. Foi depois de teres dito que eram giras as minhas horas e os meus lugares. E antes de disseres que não te fizesse um pedido. Tenho, naquilo que te diz respeito, quase tudo assentado no meu moleskine de capa negra que trago no lado esquerdo do cérebro, directamente conectado com a aorta. Disseste-me também algumas coisas que não repito, são mais perto do que as restantes palavras longe. Coisas quase ridiculas. Mas fizeste-me um pedido e eu embora tenha brincado respeitarei sempre esse pedido. E agora sou eu já que falo pela minha boca: reli o Zoo Story e são de facto estranhos os lugares onde me encontro. Também esta folha latejante a que outros chamariam écran. São estes os lugares e são estranhos, de facto. Imagino até alguma similitude entre eles. Danço aqui quase sempre contigo, há muito tempo, e inscrevo, ou quase escrevo, desde sempre, a minha vida no tablado de madeira daquela...como se chama aquela discoteca africana - sei que ris ou pelo mesmo sorris, este texto é só para ti, pudicamente teu - parece-me agora outra vez que enquanto nos mantivermos nesta folha branca fluorescente estaremos também protegidos como se numa igreja, talvez sintas a minha mão, os meus olhos a devorarem os teus, a pele das minhas palavras a ficarem ociosas, buliçosas, incandescentes. Imagino o toque e ele, no meu imaginar é maior que a tinta electrónica com que te escrevo, é por exemplo, tal como na Rosa Púrpura do Cairo, do lado de cá das fluorescências, das incandescências. E tudo isso é ou será ou seria já uma outra coisa.
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1 comentário:
Já que o "ti" não te comenta... São deliciossos estes teus textos, escritos, assim!
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