quarta-feira, setembro 29, 2004


O Teatro da Trindade está quase a iniciar a sua temporada com três espectáculos que vão dar que falar: Picasso e Einstein, uma comédia de Steve Martin, Violeta, Puta de Guerra, de Fernando de Sousa e O Fungagá da Bicharada, a partir dos textos e canções de Barata Moura. O primeiro a estrear é Violeta, Puta de Guerra, texto que se debruça sobre uma das consequências da guerra colonial: o abandono de centenas de prostitutas à sua sorte. Durante anos, elas foram o escape das tensões da guerra, confidentes de serviço. Mas no fim foram abandonadas. Em Moçambique, algumas, brancas ou negras, sem dinheiro para regressar à Metrópole, foram detidas e enviadas para campos de reeducação, alegadamente para serem integradas numa sociedade nova, num país novo. Amanhã estreia Picasso e Einstein, que se debruça sobre um eventual encontro no Lapin Agile, em Paris, deste dois grandes homens que marcaram o séc. XX e é o culminar de um longo processo de criação. Toda esta preparação, que envolve todos os sectores, em diferentes tempos - desde a semana passada que, no exterior do trabalho de cena, é o tempo das limpezas, dos arrumos, dos embelezamentos - saltou já para o exterior. Uma meia dúzia de Einsteins velocípedes divertem-nos a nós do interior e intrigam quem passa. Dia 9, estreia Fungagá, aquele que pode bem vir a ser um espectáculo (e)terno. Tem sido muito interessante ver como é que, sem ainda conhecer o espectáculo, ele tem já mobilizado tanto interesse, em gerações tão diferentes. O que faz com que muitos de nós, falo por mim, o encaremos como um oportunidade para mostrarem aos seus filhos a forma como o nosso quotidiano de crianças também se enchia de música.

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