sábado, setembro 18, 2004

Odor humano

O Luís da Natureza escreveu um texto fabulosamente bem contado sobre um mero coup d'oeil entre um funcionário de uma repartição e uma eventual florista. Digo eventual porque tudo se passa como se a existência das diferentes situações fosse no condicional. Num dos comentários - e razão tem o Possidónio Cachapa quando no lead do seu prazer inculto diz que o seu blog é mantido por ele e por todos os que acham por bem participar, os posts são hiper textos em construção - MR apanha a alma do post e relança-o inserindo-o nas estratégias do dia-a-dia da nossa existência de avatares. Diz MR : "Será poesia para aliviar um fardo de quem contacta com a dor humana tão amiúde? Será um beber sofregamente destes acasos diários com que nos cruzamos, como de de pérolas de felicidade se tratasse, para não desidratar com a falta de desamor que nos reúne? É nestes movimentos diários, com as dimensões que o sofrimento atinge, que pequenos gestos, sorrisos e olhares ganham a dimensão de pôr do sol no sonho de um adolescente, de uma chuva suave e fresca num dia de verão - como se houveramos feito uma massagem aos afectos. É disto que vivo e sobrevivo, são estes alguns dos meus incentivos, são estas as minhas dependências, é através dos acontecimentos que descreve e das emoções a eles associados que eu me evado e me sinto reabastecer de odor humano. "

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