sábado, outubro 09, 2004

Acordar pela manhã

Ao fim de onze horas de sono e sonho, e eu hoje voltei a sonhar, poderei até sentar-me à grande mesa do mundo e falar de tudo, com toda a gente, sem alguma cláusula excepcional. É claro que tinha umas contas a ajustar com o tempo-de-viver-a-vida-de-olhos-fechados-ou-se-quiseres-abertos-para-dentro. Nem jantei ontem, pús o Erik Orsenna na umbreira da cama (é verdade, a minha cama tem-na), o que quer dizer, era ela que lá estava comigo, e antes de fechar os olhos ainda M. me desafiou a ir ao B.Leza (ando a criar monstros, é o que é!) não sem antes me confessar que estava cansada de abuso , expressão santomense para uma fadiga superlativa, felizmente desistiu, já ía eu a navegar nas ondas de uma quimera, desistiu, sorri também eu cansado de abuso. É impressionante como uma manhã nossa, nossa no sentido de estarmos disponíveis para vivê-la, já fiz torradas, já amei o rio, venerei o castelo, vou comprar o jornal, irei à esplanada e à Feira da Ladra - vou retomar a frase, desta vez gostaria que a Éclair me lesse até ao fim- é impressionante como uma manhã nossa varre a solidão do mundo.

2 comentários:

Anónimo disse...

varre, sim, porque somos mais de nós próprios, somos mais nós.
lu.
(lugarefemero.weblog.com.pt)

Carla de Elsinore disse...

que espírito, pela manhã...a tua boa disposição varre tudo, meu amigo.