terça-feira, outubro 05, 2004

Alegres Trópicos

Começo a dar-me conta de que esta casa é uma casa. Ontem o L. e a M. vieram cá jantar. Foi um convite a M. para uma sopa de nabiças a despoletar tudo, só confessei depois que tinha deixado a esturricar os legumes. E embora tenha descoberto o ponto ideal da batata ficou ainda no caldo um excesso de imperfeição. Ouvimos Adriano e Crónicas da Terra Ardente, de Fausto. Não poderíamos estar em melhor companhia. L e M conheceram-se em S. Tomé, de onde ele é, para onde ela vai todos os anos, cada vez com a alma mais cheia de um encantamento, de uma descoberta de si mesma que chega a ser, para quem a partilha, estremecente. E eu ter assim a alegria e a serenidade nos trópicos sentada à minha mesa, parece-me tão bem. O pior desta compulsividade da procura é chegarmos a pensar que não há saída. Há, há sempre saída. Mandámos uma msg a dar os parabéns a Elsinore e levantámo-nos em direcção ao B'Leza. O ser segunda feira, dia normalmente fechado deu um colorido muito especial àquela noite. Ao fim da terceira dança, todo eu destilo. O que mais invejo na M. é que todas as suas noites sãotomenses acabavam assim e não num exíguo espaço como este, mas numa pista banhada pelo luar e pelo som das ondas. Danço e redanço, só ou com, não me interessa, agora que estou só o som é um companheiro com que me tenho acasalado de uma forma muito especial, por vezes vou na rua, deixo de ver a cidade, ouço-a.

1 comentário:

inconformada disse...

"...numa pista banhada pelo luar e pelo som das ondas"
:-)
(beijo)