quarta-feira, outubro 06, 2004
Do domínio da ilusão
Falavam sobre ilusões, à mesa da esplanada, como quem tira coelhos imaginários da cartola. Como se nunca tivessem fabricado eles próprios essa magia, perante uma audiência mais ou menos extasiada de amigos-conhecidos-familiares, que entrou com meninice no jogo e pagou o bilhete de bom grado.
Ele falava da inevitabilidade do fim mais definitivo de todos, do momento em que acaba a ilusão de que é feito um amor. Mais ou menos adiado, sempre anunciado, sempre à espreita em cada gesto matinal dos amantes cansados, em cada palavra suspensa, em cada momento em que a ausência do eu no outro se afirma com maior personalidade. Ela preferia invocar a forma como a ilusão parecia ser tangível em certos casos, naqueles casais de quem toda a gente diz que se encontraram - e sabemos bem que a façanha mais difícil deste mundo é duas pessoas encontrarem-se verdadeiramente. «Mas percebes que um dia também eles se vão separar», rematou ele com doçura. Ela ficou calada a pensar porque é que era letra de lei a busca da magia e do onírico na pintura, no cinema, na literatura, na poesia - quando é que essa procura na nossa vida se tornou uma quimera impossível?
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3 comentários:
Ai, tornou-se?
Ai, tornou-se?
Éclair
poderia agoga devolver-te umas palavras que me disseste há tempos: a partir de agora escreves por mim. :)
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