quarta-feira, outubro 13, 2004

Ervilha

É instintivo em mim. Quando me sinto pequenino acode-me de imediato uma imagem de uma ervilha. Uma ervilha verde. O verde dá-me ganas, forças. Quando o verde chega à minha vida sei que vou ser capaz. Não sei de quê, é um mistério, a própria intuição de verde me leva a querer outras coisas. Verde-esperança. Sou uma rima fácil de uma canção pimba. Aqui e ali encalhada numa timidez, numa propensão para a solidão que me confere algum charme, reconheço. Nada de verdadeiramente essencial. Áparte o meu prazer em fazer parte do mundo dos vivos, em estar aqui, em saborear as manhãs, as tardes, as noites, todas as horas, nada de verdadeiramente essencial. Apetece-me dar a vez. Deveríamos poder fazê-lo. O mundo seria mais justo e mais feliz se no cemitério das almas ousássemos ler, ao lado da incandescente e luminosa lápide de Picasso: Aqui jaz o homem humilde que deu a sua vez a Pablo Picasso. Agora seria de bom grado esse humilde paisano.

2 comentários:

Anónimo disse...

mas com muitas ervilhas juntas (mesmo congeladas) faz-se uma boa sopa. se quiseres dou-te a receita. besitos.

JPN disse...

besos, éclair.