domingo, outubro 03, 2004

Último post falso

Repito, não o sabes porque eu nunca to direi, com aquele gesto de passares a escrito o rasto de uma inquietude resgataste toda uma vida, a minha, da incompreensão, da solidão e da loucura. Há uma coisa que eu não compreendo: porque é que se são belos e justos os meus sonhos e, se como disse Agrado, deveremos aproximarmo-nos da beleza e da justiça dos nossos sonhos, porque é que me assola uma morbidez de te querer aqui onde, verdadeiramente, nunca te tive? E porquê escrevê-lo? Acabo de dissidir, e mais online não podia ser, esta dissidência. Vou deixar de me expôr neste blogue. Vou deixar de me expôr assim, neste blogue. Vou deixar de falar de mim, da minha vida, dos meus limites e circunvalações. Há duas maneiras de o fazer. Uma é deixar de escrever aqui algo que tenha a ver comigo no sentido mais intimista da prosa que fui instalando neste lugar. A outra é continuar a escrever como sempre fiz e depois, no final do texto, dizer de mim para mim mesmo, isto é tudo falso, não tem nada a ver comigo, é tudo ficção pura. Opto pela segunda hipótese. Prefiro mentir a mim próprio do que àqueles que me lêem.

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