segunda-feira, dezembro 27, 2004

Esmeralda e o Pianista

Ela, após um longo silêncio
- O tipo era um daqueles músicos que passavam pelo Pérola… um bar em Granada… Eu costumava chegar mais cedo ao bar, tinha de andar por ali a cirandar, a meter na cabeça quem eu era, a vida que levava…Um dia lá pelas seis da tarde, era em Abril, bastante calor, ele estava a tocar, a tocar no piano, era muito bom vê-lo tocar, fiquei ali parada… a ouvi-lo… (Escuro interrompido pela luz do farol) Comecei a sentir-me uma princesa... Ao ouvi-lo a minha vida tinha um sentido bestial... o gajo podia tocar até ao fim do mundo que eu ficaria ali a ouvi-lo embevecida… quando dá por mim o gajo pára de tocar… eu pedi-lhe que continuasse… ele estava a ficar perturbado, aproximei-me dele, seria capaz de tudo para conseguir que ele não parasse de tocar, aquela música...tratei-o como se fosse um príncipe, ele tinha um sexo lindo, um sexo frágil e impulsivo de adolescente, disse-lhe "-Não pares, não pares de tocar...", dancei para ele, ele desatou a chorar, chorava a sério, nos olhos, na pila, por mim tinha morrido ali, não precisava de mais nada

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