quinta-feira, janeiro 06, 2005

The door on the floor

...aquela porta que todos temos no sotão e ninguém deve abrir, dizem-nos os conselhos maternais, com um ranger de dentes totalitário. E se a porta fosse aberta por quem devia zelar pela sua fechadura, pela alma-mater de uma família, simbolicamente toda a humanidade, o que encontraríamos do outro lado, porque não seríamos capazes de não olhar? O pormenor, mais do que a morte. A morte é demasiada, por isso fixamos o olhar naquele sapato caído à beira da estrada. Lavamos o sangue do bilhete de identidade e o poder brutalmente simbólico desta imagem sobrepõe-se ao desaparecimento da própria pessoa. O pormenor é brutal. O resto? É apenas demasiado.

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