Claro que fui ver À Procura da Terra do Nunca. E fui com a Cláudia, a melhor companhia possível para esta revisitação do mito. Ela acha o Johnny Depp um príncipe e eu coroo rainha a Kate Winslet. Assim, o tempo que não passámos a rir ou a lacrimejar, fomo-nos aos nossos ídolos e sonhámos com a nossa própria terra do sonho e da fantasia.
E tudo estaria demasiadamente certo não fosse um pequeno pormenor. É que faz parte tudo da mesma trama. Da mesma gramagem. Da mesma película de areia. O homem do século XXI, o homem de 2004, está a aproximar-se dos seus tempos originais, partilhando à escala global uma mitologia quase única. Estamos tramados. Até o sonho, a fantasia, a ilusão e a ficção se juntam a esta espectacularização do real que tudo engole. E sabemo-lo, quando dizemos tudo, é mesmo tudo.
Dei-me conta disso antes de entrar para o cinema. Tinhamos escolhido um pouco à pressa, tinha-a apanhado à saída do trabalho, À Procura da Terra do Nunca foi o nome mais familiar entre cinco ou seis filmes ditados pelo telefone. Quando lá chegámos ainda equacionámos uma mudança. Mas, rescaldo do Natal, nada nos convenceu demasiado. E sem dúvida, depois de ter ganho o prémio Peter Pan, deveria participar na celebração.
O problema está em que esta história, que aparentemente desabrocha a criatividade no mundo, estimulando-nos a ser mais audazes e desempoeirados, deixa-nos num basbaque colectivo em torno das eternas crianças mas pouco mais faz que isso. Não se iludam. Não é por eu estar a explicar isto sem entusiasmo algum e por isso de maneira tosca e redundante, falaciosa, que não deveríamos meditar um pouco mais neste centro de grande produção ideológica do nosso vazio em que se transformou o cinema, especialmente o cinema-pipoca.
terça-feira, janeiro 04, 2005
E tudo estaria demasiadamente certo....
Claro que fui ver À Procura da Terra do Nunca. E fui com a Cláudia, a melhor companhia possível para esta revisitação do mito. Ela acha o Johnny Depp um príncipe e eu coroo rainha a Kate Winslet. Assim, o tempo que não passámos a rir ou a lacrimejar, fomo-nos aos nossos ídolos e sonhámos com a nossa própria terra do sonho e da fantasia.
E tudo estaria demasiadamente certo não fosse um pequeno pormenor. É que faz parte tudo da mesma trama. Da mesma gramagem. Da mesma película de areia. O homem do século XXI, o homem de 2004, está a aproximar-se dos seus tempos originais, partilhando à escala global uma mitologia quase única. Estamos tramados. Até o sonho, a fantasia, a ilusão e a ficção se juntam a esta espectacularização do real que tudo engole. E sabemo-lo, quando dizemos tudo, é mesmo tudo.
Dei-me conta disso antes de entrar para o cinema. Tinhamos escolhido um pouco à pressa, tinha-a apanhado à saída do trabalho, À Procura da Terra do Nunca foi o nome mais familiar entre cinco ou seis filmes ditados pelo telefone. Quando lá chegámos ainda equacionámos uma mudança. Mas, rescaldo do Natal, nada nos convenceu demasiado. E sem dúvida, depois de ter ganho o prémio Peter Pan, deveria participar na celebração.
O problema está em que esta história, que aparentemente desabrocha a criatividade no mundo, estimulando-nos a ser mais audazes e desempoeirados, deixa-nos num basbaque colectivo em torno das eternas crianças mas pouco mais faz que isso. Não se iludam. Não é por eu estar a explicar isto sem entusiasmo algum e por isso de maneira tosca e redundante, falaciosa, que não deveríamos meditar um pouco mais neste centro de grande produção ideológica do nosso vazio em que se transformou o cinema, especialmente o cinema-pipoca.
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