quarta-feira, janeiro 05, 2005
Inefável...apenas uma tentativa pouco frutífera
Tenho visto bebés nascerem. Vi mães extenuadas. E pais com os olhos marejados de lágrimas. Ouvi o primeiro gemido de um bebé.
Lembrei-me de Coetzee, escritor sul-africano, ao colocar o seu Fiodor Dostoievsky a pensar que um nome é um elo ao qual não renunciamos perante o termo da vida.
A humidade na testa das mulheres. E os homens alguns impotentes e enternecidos, outros compassivos, outros distantes. E porquê lembrar-me do termo da vida perante o primeiro sopro?
E os corpos mínimos, e os sexos tão expostos, nascemos mesmo assim, sempre quis acreditar.
E as mães, as mães são tão diferentes (uma que me desculpe, mas quebro o pacto de silêncio referente a momento tão íntimo) : perguntou insistementemente se o seu bebé vinha morto. Marcou-me, porque me parece mais vulgar que as mães perguntem se os seus bebés estão bem. Não não estava morto. O medo de uma mãe pelo seu filho não se mede. O medo de uma mãe por si própria. Esta mãe só foi mais sincera no esboço da pergunta.
Porque o cúmulo da vida me faz pensar tanto na morte?
Será a sua fragilidade? Serão os bebés que me mostram que tudo é finito? E pequeno? E prometedor?
Ouvi mães a murmurar que compensa e a adormecer em seguida. E pais a congratularem-se que os bebés eram morenos como eles.
Ouvi bebés a chorar com fome, antes de conhecerem o peito da mãe.
Senti no ar uma possibilidade.
E se levamos o nosso nome connosco é porque vamos para (ou a ) algum lado...
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2 comentários:
Há alturas em que temos necessidade de partilhar os nossos medos.
O medo da morte só existe por oposição à vida. Só se ganha o medo da morte quando se tem consciência do viver. E não existe altura mais 'viva' do que o nascimento de uma criança.
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