quarta-feira, janeiro 12, 2005
Nobreza diante do Abismo
Li hoje a entrevista que Laurinda Alves fez a Fernando Nobre e que publicou na XIS. A sua história parece-se com as dos missionários que a Andácia me contava, dos meus sete aos doze anos. Por vezes torna-se um pouco pueril, como quando ele conta que a AMI foi e esteve num determinado lugar com um batalhão de técnicos e de recursos porque ele tinha visto por lá umas crianças que podiam ser as suas. Talvez falte puerilidade às nossas vidas, talvez. O importante é o seu testemunho de que o que nos move é o coração, o afecto, o desejo de, em comum, sermos felizes. Não podia estar mais de acordo com ele sobre a grande mancha da natureza humana: nos diferentes idiomas, culturas, mundos, somos essencialmente pessoas que gostariam de viver um pouco mais felizes, mais tranquilas, num mundo mais agradável. Há depois um menor número de pessoas que são doentes, doentes na sua desumanidade. Ávidos, gananciosos, egoístas, bélicos. São esses que estragam isto tudo. Não me atrevo a dizer que não concordo com ele quando ele diz que isto está a mudar. Silencio-me. Embora cá para mim o mundo esteja a atingir a clarividência do abismo. Silencio-me. Há que manter alguma nobreza diante do abismo.
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