terça-feira, janeiro 04, 2005

Taizé

A minha primeira grande saída ao estrangeiro foi a Taizé, creio que em 1990. Eu ajudava um grupo de teatro recentemente formado, constituido por jovens católicos da Paróquia de Nossa Senhora dos Olivais e dai nasceu uma amizade que originou o convite. Partimos em duas Dianes, fogosas e garbosas na planície, pachorrentas e delicadas a galgar os Pirinéus, e um dia, em tantos de Agosto, lá chegámos a Lyon e de lá a Taizé foi um pulo. Agora que nisso penso e que percebo que tenho gravado na memória todo o percurso, de Sanabria a Pedras Negras, nas Astúrias, à Cantábria, ao País Basco, aos Pirinéus, a Biarritz, aos Pirineus, a toda a costa sul, Avignon mas que não me ocorre de Taizé nada mais do que as fotografias que dali tirei e uma imagem difusa do retiro e de uma espécie de missa com o irmão Roger, é que percebo que não posso falar de Taizé. Detestei aquele lugar. Tudo me pareceu irrespirável e no entanto, aquilo é dos lugares mais refrescantes que a Igreja Católica produziu. A mim tudo me sabia a plástico. O próprio ecunemismo. E então aquela reverência basbaque ao irmão Roger era insuportável. Ele vai falar, ele vai passar, ele vai estar, ele vai comer, tudo ali vibrava com os mais simples actos rogerianos. Tive aliás de fazer um esforço para voltar a ver gente normal nos meus amigos com quem ia. Não, eu não posso falar de Taizé. E no entanto, talvez aquilo seja dos lugares mais importantes para a renovação da Igreja, uma espécie de Festa do Avante, e que não me perdoem nem comunistas nem católicos, é assumida provocação.

1 comentário:

PARTILHAS disse...

Provocação aceite. :-)
E pode um vazio, que se sente, ser uma provocaç\ao, a quem se sente cheio? Impossível. Se alguém se sentir provocado... então existe em si mesmo, algum tipo de vazio também. Os católicos, podem "bajular" Deus, só e apenas. Ou eles e os outros. Nunca um só "outro" ser.