sábado, fevereiro 12, 2005

Mérida

Narrar um acontecimento não será o mesmo que contar uma história. Há alguma injustiça no tempo que é ouvir contarmo-nos enquanto personagens de um acontecimento pretérito mas não me engano. A dureza está no atravessá-lo. Como se personagens de uma ficção que nunca urdiriamos. Abri os olhos, pousei-os na tua respiração, no tempo que demoravas a contar-me. Não fiz nenhuma pergunta. Nem a ti, nem a mim. Deixei apenas o acontecimento perfurar-me a pele, a parte de dentro da carcassa, o tecido esponjoso que reveste o batimento. Há uma derrota imensa nisto tudo. Amanhã ao despertar haverá vida outra vez.

1 comentário:

Anónimo disse...

haverá mesmo?