Sentido de Voto

No dia 20 irei votar em José Sócrates. Faço-o porque é minha convicção de que de todos os candidatos a primeiro ministro, ele é o que tem a possibilidade de nos dar um melhor governo. Não o irei fazer por ser militante socialista. Os votos dos militantes não são favas contadas. O Partido Socialista deve-me uma ideia e um projecto de País como deve ao mais independente dos portugueses. A única diferença é a de que, ao contrário do mais independente dos portugueses, eu me comprometo a fazer o que puder e souber para que o PS tenha o melhor projecto para o país. O meu voto é afirmativo mas não o conseguirei dissociar da alegria que será ver o pior governo que tivémos depois do 25 de Abril abandonar o salão de festas pela porta dos fundos. No dia 20, imediatamente antes do presidente da mesa me entregar o bilhete de identidade, depositarei nas urnas um só voto no Partido Socialista. É com orgulho desmedido que o farei. Nesse momento, nessa fracção de segundo que o papel dobrado demorar a juntar-se a todos os outros votos, sentir-me-ei parte de uma imensa familia e antevejo que, na minha alegria, estremecerei de demagogia. Pensarei até, será um voto pela liberdade, pelo meu filho, por todos nós. Um só voto. Nem eu nem ninguém votará em maiorias absolutas. Dia 20, como já não o era desde a eleição de Mário Soares contra Freitas do Amaral, a esquerda desunida vencerá.