quarta-feira, março 23, 2005
As mãos na terra
Começo por lembrar-me. Lembro-me da terra argilosa entre os dedos. Colocava o barro em cima da bancada. Era uma espécie de regresso à terra, à terra molhada. Começo por lembrar-me e exigo-me a mim mesmo: lembra-te sem alguma nostalgia nem melancolia. Obedeço fielmente. Lembro-me como se me afuturasse. No meu desejo de meter as mãos na terra argilosa, de sacar as formas. É uma forma de me atirar para a frente e ao mesmo tempo abarcar o verde e o castanho da terra que me medrou.
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2 comentários:
Fecho os olhos. Começo por sentir. Sentir na pele a imagem que guardo da terra molhada. Não era barro, não a moldava em cima de nada. Tinha 5 anos quando descobri o prazer imenso de me rolar, de me moldar, nessa terra molhada.
Acho que foi nessa terra molhada que nasceu aquela que viria a ser a forma da minha vida. Chovia, molhava. Elameava, rolava. E no fim acabava tudo numa grande chuveirada nada desejada, para limpar, diziam. Levavam-me a forma desformada do meu tentar agarrar à terra.
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