segunda-feira, março 07, 2005
Chamo-lhe tristeza
Ao descer a rua passa de repente por mim a sensação de que, desde 20 de Fevereiro, vivo mum país um pouco mais decente. Dou por mim a rememoriar a tristeza que comecei a sentir quando, por dever de ofício, li o programa do primeiro governo da coligação PSD/PP e percebi naquela torrente discursiva uma insistência no ódio, na amargura, na propaganda. É um texto cuja leitura recomendo por dar bem a ideia que gente esteve no poder(às vezes pelas diatribes dos dirigentes do PSD e do PP quase me parece que houve um golpe de estado no interior destes partidos). E começo por perguntar-me, se há gente que neste momento olha para o país com a mesma tristeza e amargura que eu lhe devotei nestes últimos três anos? Tem de haver, não é? Tem de haver gente, e não apenas aqueles que perderam alguns dos seus interesses mais pessoais com as mudanças de vida, estou a referir-me às pessoas vulgares do nosso quotidiano. Houve gente que na segunda feira, 21 de Fevereiro, foi trabalhar com dificuldade, sentindo um peso nos pés e na alma. Penso muitas vezes nisso. Penso muitas vezes nisso quando me ocorre que a politica dificilmente traz uma grande alegria à nossa vida mas que pode trazer uma iniludível tristeza. Falta de ar.