quarta-feira, março 02, 2005

Janela virada para Sul

Colocaram-me nas mãos no outro dia um projecto que me aproximou mais destas colinas: a tomada de Lisboa pelo D. Afonso Henriques. Um espectáculo de teatro. Hoje ao olhar uma janela de onde se via todo o rio que pode caber num olhar, pensei, estou feito com esta cidade. Dedico-me, dedico-lhe o afecto que posso prever em mim, e o o meu afecto é a minha solidão. E a minha solidão é uma fantasia sempre adiada. Se eu um dia entender alguma coisa, se em algum momento eu chegar a uma compreensão mais lúcida da minha vida será esta: perceber porque é que a solidão é uma miríade que me atrai e repele como se de um fogo se tratasse.

4 comentários:

maresia disse...

Quem não ama a solidão, não ama a liberdade

Schopenhauer

maresia disse...

A Solidão não constitui alimento, apenas jejum

Durant

maresia disse...

Solidão

Solidão que destroça o peito,
Que faz da alegria, da vida, grande tédio,
Que cresce, toma forma sem remédio,
Apenas pelo homem assim ter feito;

A solidão bate sempre à porta,
Por ser tão só e ter assim nascido,
E mesmo o coração ferido,
Rejeita a solidão, quer vê-la morta;

Se pudessemos unir a solidão, que é calma,
Com a paz alegre que sempre reanima,
Fazendo o tédio pelo mutante, ter estima,
Completando então as nossas almas...

Sentir-se só, sentir-se simplesmente assim,
Mas ser a mansa solidão, ser calma,
Sentir-se presente, sentir-se apenas

JPN disse...

rs...neste caso a solidão é uma bem aventurança que me poderá permitir dedicar mais tempo a alguns trabalhos...(tu sabes, vanrose!)