Há algo de insensato ou de impensado no acto de pensar. Ele chega à nossa vida, à evidência com que queremos construir a nossa vida, através de um objecto a que chamamos pensamento. O problema é que pensamos para descobrir, para destapar o véu que cobre o nosso mundo e logo que ele se materializa num pensamento, e não há ainda outra forma de ele chegar à nossa vida, torna-se trabalho de ocultação.
Não há volta a dar-lhe. Deixar de pensar não é solução, uma vida sem a liberdade que nos chega pelo pensamento inexiste. A única forma, cansativa, exausta, inglória, é pensar sempre, sempre. Fazendo da vida o pensamento possível.
sexta-feira, março 25, 2005
Ocultação
Há algo de insensato ou de impensado no acto de pensar. Ele chega à nossa vida, à evidência com que queremos construir a nossa vida, através de um objecto a que chamamos pensamento. O problema é que pensamos para descobrir, para destapar o véu que cobre o nosso mundo e logo que ele se materializa num pensamento, e não há ainda outra forma de ele chegar à nossa vida, torna-se trabalho de ocultação.
Não há volta a dar-lhe. Deixar de pensar não é solução, uma vida sem a liberdade que nos chega pelo pensamento inexiste. A única forma, cansativa, exausta, inglória, é pensar sempre, sempre. Fazendo da vida o pensamento possível.
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3 comentários:
Pensar é inevitável e o nosso pensar é sempre "oculto" mas manifesta-se e assim diminui-se um pouco o isolamento. Que querias, a revelação desbragada da mente?
Éclair
não era bem isso que eu queria dizer, provavelmente expliquei mal: pensar não é oculto, um pensamento revela uma determinada verdade sobre as coisas. mas por isso mesmo, quando ele surge, tende a ocultar não só o que não sabemos, mas principalmente o pouco que sobre as coisas sabemos.
Como dizia Heidegger, ao mesmo tempo que o ser se desvela também é velado. No que se mostra, para que se mostre, muito tem que se ocultar. É a nossa condição, condenados a querer, mas a não poder, o absoluto.
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