terça-feira, abril 19, 2005
Neura
Saio de carro. Deixo a porta fechar-se atrás de mim com estrondo. O caminho é em direcção a um açude.
O Alentejo está seco este ano, a face inundada, o nariz entumescido, acciono o limpa pára-brisas, continuo a ver tudo nublado. Sei que tenho de me encostar à direita.
Saio em direcção de água, num Alentejo seco, pouco verde neste Inverno.
O açude tem água, paro perto de uma curva. Não saio do carro. Choro durante uns minutos.
Zango-me. Estou curada desta neura ( a bioquímica cerebral dotou-me deste mecanismo contra-corrente, nunca choro mais de dez minutos se o assunto não for de vida ou morte).
Lembrei-me de uma artigo qualquer que falava das hordas de mulheres “apanhadas” à beira do Rio Tejo a carpir as mágoas. Muito mais mulheres que homens.
Pertenço a uma nova modalidade que procura açudes num interior “desquecido e ostracizado”?
Dei à ignição e desandei dali.
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1 comentário:
ainda não consegui aperfeiçoar essa técnica como tu... ainda choro umas boas horas seguidas. nem sei onde vou buscar tanto sal...
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