domingo, abril 17, 2005
o end do post
através do acto de escrever reitero o nada que sinto. só pode ser nada, este vício. e chamo-lhe vício que é assim que os concebo, tanto aos vícios como às virtudes: fazeres que nos repetem, que nos reiteram, que nos cansam, secam, sem nos acrescentarem algo senão o tempo que lhes devotamos. talvez a escrita em mim já tenha sido acrescento. boa vontade. solidário sofrimento alheio. mas agora é um jogo. um jogo de ilusionismo. de cada vez que aqui me sento procuro uma luz, uma verdade. aquilo que alguém me dizia, a minha verdade sem reparar que talvez as nossas verdades assim ditas não sejam mais do que casas sem janelas nem portas, muros labirinticos. e de cada vez que me levanto, saio com um contentamento contentinho. porque enquanto dura o jogo parece infindável. saberei mesmo como acabar este texto? é a pergunta que o leva de um lado para o outro. de repente, no respirar que escrever é, as coisas começam a ganhar sentido. as frases soa-nos bem. é altura de terminar. aparece um punch-line. saio contente de contentamento. é lúdico o escrevinhar assim. o mais curioso é que se escrever fosse isto nunca lhe devotariamos tanto tempo da minha vida. vimos aqui sangrar mas não encontramos mais do que a ilusão do sangramento. nem sei se este líquido espesso é sangue. sémen não é de certeza. talvez algum sangue sintético made no bollyood das nossas vidas. é tudo em vez de. e fica sempre um fio do novelo de fora para nos dar alento para uma vez seguinte. tudo isto seria dramático, trágico até, se houvesse alguma revolução lá fora. se não estivessemos lá, como autênticos revolucionários de bandeiras desfraldadas porque muito entretidos com as nossas revoluçõezinhas diárias. no more revolution, pá! 'tá-se bem.
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5 comentários:
é que enquanto se escreve, e se lê, e se escreve... vai-se respirando o mesmo ar que quem escreve, e quem lê, e quem escreve. não é essa a ideia?
marta m.
escrever - derramar - viver - sobreviver
estas palavras nada dirão a quem as possa ler
não, não se 'tá nada bem. 'tá-se num quase que nunca mais é tudo
não marta m, não é essa a ideia. a ideia é colocarmos o monitor entre os ares que respiramos. deixamos aqui mas não queremos ser lidos...
o choque tecnológico anda a afectar-nos a todos e a cada um à sua maneira...
queremos ou não queremos ser lidos? uns dirão que sim, uma vez que nos expomos através do mídia mais abrangente e divulgador de todos os tempos. uns dirão que não, por isso nos escondemos do que eu, no outro dia, chamava de in loco-comunicação. talvez sim... talvez não... ou talvez mais-ou-menos, como quem só quer ser lido por alguns, mas correndo o risco de o ser por mais do que alguns!
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