quarta-feira, abril 27, 2005

Uma purga à séria

Devia haver um caixote gigante onde coubesse um escritório inteiro. Os livros. Aqueles textos do mestrado que nunca mais acabamos. Divido o meu escritório com a sala de brinquedos do Peter Pan. É a maneira de por vezes nos acompanharmos dando-nos algum espaço de manobra. Transportávamos o caixote e nem o chegávamos a desmontar. Em dois anos é a terceira vez que mudo de casa. Agora será por algum tempo, é nesse espirito que me projecto neste lugar de celibatário. Onde fico com os pés de fora. Encolho-me. Uma purga à séria. As roupas, os objectos, não custa nada meter num saco para dar. Os livros é que é o diabo. Olho para os livros, tanto para os que li como para os que não li, e vejo a minha vida.

4 comentários:

Carla de Elsinore disse...

são o diabo são mas basta um na estante da casa nova para nos sentirmos "em casa".

blimunda disse...

também já mudei de casa muita vez e em miúda então foram vezes demais. a biblioteca dos meus pais emagrecia sempre. os camiões de mudanças perdiam caixotes pesados... nem sei o que pode ser viversem esses objectos estranhos, os livros...

maresia disse...

não há caixote gigante em que caiba a nossa vida... um ano ou dez minutos.

Anónimo disse...

Os livros são para circular, eles gostam mais de passar de mão em mão do que estar apertadinhos na estante.

Éclair