sábado, maio 07, 2005

O avô que pintava fundos do mar Algas escafandristas corais golfinhos O avô que gostava de praia apesar de viver no interior Ânforas e peixes Nunca viu o fundo do mar mas desejou-o O avô que construiu uma garra para chegar aos limões altos Tinha ideias E desculpou-se por não me ter construído um calhambeque triciclo Igual ao do meu primo pequeno O avô dos retratos das paisagens alentejanas Juntas de bois A esferográfica O avô calado de sentimentos Mas que contava sempre anedotas e histórias hilariantes muitas vezes repetidas Às refeições O avô que podia ter ido tão longe E foi Foi hoje.

9 comentários:

Anónimo disse...

gostei de conhecer o teu avô.

blimunda disse...

o meu comprava-me sombrinhas de chocolate com fitinhas de cetim muito brilhantes. e também já foi. longe. um beijinho.

Anónimo disse...

Há distâncias, que não existem JPN, que são apenas virtuais, que apenas vivem na nossa imaginação, tal como as presenças.

Venho deixar-te um beijo.

Susana
P.S. Hoje, não me apetece ser "nick"

textura disse...

Obrigada pelo beijinho e pelo avô como personagem cinematográfica. Contra as pantufinhas que calçamos frequentemente aos nossos "velhos" e à sueca nos jardins, mesmo que sejam até partes não definem ninguém.
"O avô cheirava a mistérios embrulhados em cartuchos de papel"- como os cheiros se colam às memórias, só falta mesmo o cheiro à 7ª arte.

Anónimo disse...

Textura,
Desculpa. Enviei o beijo ao teu parceiro de blogue...

Confesso que li um avô real... que o é ou foram, conforme o que nos apetecer fazer deles.

Este beijo, que aqui deixo, agora, é só para ti.

Susana

JPN disse...

JPB, já sei porque gosto tanto de ti, é a nossa infância a cruzar-se. também eu tive um avô merceeiro, no Arco da Cadeia, em Elvas. E também me lembro assim dele.

maresia disse...

O meu avô... "um" meu avô foi antes que eu pudesse recordá-lo. Deixou-me a marca da BCG bem marcada no braço. É a única coisa que tenho dele. Nem imagens. O outro, por cá anda, não sei se longe, se perto.

Anónimo disse...

Um meu avô também tinha uma mercearia dessas, por isso os pacotes de papel pardo, os contentores fundos de madeira e a balança de pesos também fazem parte da minha memória. Já somos 3, pelo menos (há por aí movimentos com menos consistência ideológica do que este grupo de netos de merceeiros).

Carla de Elsinore disse...

eu não estou preparada. um abraço.