O pecado da ganza

O Ivo Ferreira continua preso. O que para aqueles que o conhecem, que conhecem a sua família, é, naturalmente, motivo de tristeza. Mas não só, o caso tem motivado aquilo que às vezes se chama uma "onda pró Ivo". O que é agradável como o é sempre, a solidariedade. Há no entanto outro tipo de reacções. No Levanta-te e Ri um tipo que diz umas coisas para uma plateia cheia de figurantes que têm a encomenda de rir e bater palmas (há quem chame a isto stand up comedy) fez uma data de alusões de péssimo gosto ao caso. A situação do Ivo arrasta vários outros problemas, como por exemplo, o da nossa relação com as substâncias psicoactivas. É nesse sentido que Luís Fernandes, numa excelente reflexão hoje no Público intitulada o pecado da ganza, tenta demonstrar que o escorregadio princípio moral em que assenta a guerra às drogas é universal, seja hard, como no Dubai, ou soft, como na Europa, como seria desejável que fosse universal o modo como nos divertiremos, daqui a décadas, ao olhar o espectáculo de irracionalidade que agora, levianamente, oferecemos.