segunda-feira, junho 27, 2005

Ninho

Lembrei-me agora a propósito de uma casa onde nós estávamos nas paredes, do meu primeiro amor. Ao sair, de manhã, ía trabalhar para uma caixa de sapatos a que os CTT pomposamente chamavam Entreposto Postal de Cabo Ruivo, olhei a bolsa de pão da vizinha. Roubei dois pães. Voltei para trás e fui fazer-lhe o pequeno almoço. Esta metaformose de carteiro em padeiro foi o meu primeiro momento de felicidade adulta. Tão completamente adulta que menti tão naturalmente ao chefe da estação que, dizem os meus colegas, pela primeira vez desembestei um sorriso de comoção naquele rosto amargo. Mandou-me para casa, recompor-me.

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