domingo, julho 24, 2005

Descobrir as diferenças

Ontem à noite descia ao Adamastor, antes de me deitar a adivinhar as histórias que me contaria o meu chão de dança quis ver a lua fabulosa que ontem desafiava Lisboa, cruzei-me com um grupo de amigos. Vinha com eles uma rapariga grega, Sofia, formada em história, que tinham encontrado sozinha no restaurante e que por isso tinham trazido com eles. Os meus amigos são assim, e ainda nada disse deles. Fez-se ali uma espécie de roda para nos cumprimentarmos. Eu falava, disseram-me depois, efusivo nos gestos. Pelo canto do olho percebi que Sofia, a rapariga que eu ainda não sabia grega nem nada, me olhava com os olhos abertos, ávidos. Estranhei. O dom de me enamorar no tempo que demora a abrir e a fechar os olhos pertence-me, tenho-o registado. Afinal percebi depois, ela apenas não entendia nada do que eu dizia. O que tem todo o sentido: o enamoramento é uma perda acentuada de entendimento.

4 comentários:

mfc disse...

Discordo. O enamoramento é a capacidade de se dar conhecendo-se melhor o outro e nós próprios.
Enriquece-nos e acalma-nos.

Teorema Editora disse...

respirei o mesmo ar, saio restaurado.

Anónimo disse...

Exactamente, mfc. É sobretudo a capacidade de nos dar-mos, entregando-nos melhor a nós próprios. Enriquece-nos e acalma-nos.
Quanto ao conhecimento do outro, é simplesmente uma aventura.

maresia disse...

não sei se era suposto rir, mas quase rebolei pelo chão! deve ter a ver com o estado de graça.