terça-feira, agosto 16, 2005

Rés pública

Depois de escrever o post abaixo fiquei a pensar de onde me vem este profundo desprezo pela grande autocomiseração de alguns políticos face às dificeis condições do exercício da actividade política. Apercebo-me de que o meu maior desprezo vai pela forma como traduzem essa autocomiseração em privilégios, regalias e mordomias saloias, pacóvias. Nada há a esperar de políticos que se compensam com mercedes dês, audis policromados quase humanos, casas com controlo remoto, férias banais em lugares exóticos, vidas em condominio fechado. Eu admiraria, num misto de inveja e espanto, um político que dirigisse as suas corruptelas para decretar privilégios inauditos para os titulares dos cargos públicos: dias de trinta horas, manhãs de ouro e de cetim, fins de tarde prateados sobre o dorso dos amantes, caminhadas serra acima, serra abaixo, brevet de parapente incorporado.

1 comentário:

maresia disse...

Garrafas de oxigénio a levantar em mares translúcidos, cavalos marinhos por enrolar, grutas por descobrir, plataformas de granito rosa para os amantes, vento para os seus cabelos. Eu invejaria estes...