quarta-feira, agosto 17, 2005

Tudo tem o sentido que lhe queremos dar

As casas em fila indiana fazem um labirinto de vontades. Eles escondem-se do vento, saem à vez pela porta, representam. Fazem de conta que são eles mesmos, e a certa altura são. o teatro é um lugar onde o homem é, acontece. Tudo tem o sentido que lhe queremos dar. Quando o canário amarelo se afogou no aquário onde um pequeno peixe vermelho nadava a minha mãe disse que era deus que aí vinha. O dilúvio. Lá em casa fui o único que não me benzi. Não sabia. Tinha perdido o hábito, o jeito, o feitio, a própria convicção. Chamava-se Alberto, o canário. O peixe vermelho ainda não tinha nome. O meu pai garantiu que fora isso que o salvara, o anonimato. Tudo o que tem um nome, morre, disse.

1 comentário:

maresia disse...

e fez-se silêncio