quinta-feira, setembro 01, 2005
Quando respondeste ao meu anúncio de casamento...
(mote surripiado a crónica do Lobo Antunes O primeiro encontro com a minha esposa)
Este assunto é muito doloroso para mim.
Sabes a história, mas a teu pedido não a canso de repetir em domingos à tarde quando reinvindicas a atenção da televisão e danças grotescamente em frente à fórmula 1, mesmo nas últimas voltas. Desliga-la dramaticamente ofendida e pedes com fingida impaciência "Vá lá! Conta como foi que aconteceu a nossa história de amor, como foi que nos conhecemos. Os nossos convidados ainda não a conhecem!" (para credibilizar o episódio recortas, com empenho de língua contorcida, figuras humanas de revistas cor-de-rosa e encosta-las às molduras da mesa do centro da sala para não tombarem; apresentas os estranhos como se fossem parentes remotos em visita).
Lá recomeço, domingo após domingo mais condescendente e incapaz de fúrias "Então meus caros senhores, na altura que nos conhecemos, a Teresa e eu, vivia com a minha mãe. Na altura andava à procura de um motivo para sair de casa. A senhora era boa senhora (que Deus a guarde), mas não me deixava dormir até tarde e aquilo já me começava a irritar.
Sendo desengonçado, nos bailes não arranjava mulher e como a urgência era relativa, escrevi um anúncio para a gazeta da terra. Rezava só assim: QUEM QUER CASAR COM O CAROCHINHO?
Quando a Teresa respondeu ao meu anúncio de casamento, muitos meses depois, a minha mãe já tinha morrido e me tinha passado o desespero."
(invariavelmente, todos os domingos, por esta altura da história, já estás agarrada aos abdominais a rir a bandeiras despregadas do destino irónico).
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1 comentário:
não sei se é suposto, mas a mim só me apeteceu dizer "que m****!"
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