quinta-feira, setembro 15, 2005

Trovoadas

Devo à minha avó Aurora dos Paus um medo insano por trovoadas. Quando íamos a Caldelas visitá-la o meu pai, com nostalgia das longas caminhadas nos montes suíços com o seu amigo Pio, desafiava a minha mãe para uma subida ao Monte S. Pedro, o monte que se avista lá de casa. A caminhada por vezes demorava mais e quando tardava a minha avó enchia-nos de novenas, de terços e rezas. Lembro-me de chover e trovejar o que empanicava ainda mais a minha avó que entre pai-nossos, avé-marias e outras laudes ainda arranjava espaço para ralhar com o seu menino, o meu pai. Aonos mais tarde já em Lisboa esses medos voltaram-me todos. E ou não fosse tudo isto um tributo à irracionalidade, tinha mais medo do ribombar dos trovões do que dos relâmpagos e raios.

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