sexta-feira, outubro 07, 2005
A aventura da expressão
Muitos de nós que aqui andamos vislumbraram um dia na blogosfera um espaço quase utópico de uma babel de eus experienciando uma qualquer ideia de comunidade. Nós os bloggers, os blogonautas. Essa experiência era também uma abertura a uma nova forma de sentirmos a política. O eu expresso é por definição um eu menos sujeito à manipulação e isso era motivo de exulto e exaltação. A paisagem foi-se modificando com o tempo e a ideia de pertença a uma comunidade foi-se diluindo. Parecemos muitas vezes aqueles tipos que foram morar para um novo prédio e exaltados pensaram que estavam a construir uma nova vida e que passados um ou dois anos já tem de fazer um esforço para se reconhecerem no elevador comum.
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4 comentários:
Concordo.
É exactamente isto que, como não-blogonauta, acabo por sentir: a utopia passou a "elevador comum", com os mesmos vícios e virtudes de outros meios de expressão.
Por exemplo, neste blog todos escrevem como se fosse um único autor, se não fosse a assinatura, dir-se-ia escrito por uma única identidade autoral.
Isto pode ser a um certo nível curioso, utopicamente belo, carinhoso, etc, etc.
Mas é sempre na diferença que se encontra o verbo criar algo.
Mas o que me incomoda mais, são os interesses e, sobretudo, as reverências que muitos bloggers "fazem" uns aos outros.
Querem dizer que são diferentes, mas brilham com a mesma sombra desta sociedade civil na qual muitos se esforçam por não vomitar..
obrigado, mr, pela sua presença; "por exemplo, neste blogue todos escrevem como se fosse um único autor", merece uma reflexão até porque não correspondendo à evidência dos textos publicados, traz uma constatação curiosa: talvez corresponda a alguma evidência dos textos lidos. ou seja (face não só à diversidade temática, de estilo e até geracional dos vários autores, como também de todos terem identidades expressivas prévias à escrita no blogue) é mais provável que mr os leia como se fossem de um único autor, do que todos escrevam como se fosse um mesmo autor. O que é ponto de partida para uma outra questão: será que a identidade do blogue se impôe aos próprios que o escrevem e lêem?
[de qualquer forma, devido a azares tecnológicos, este post ficou a meio, pelo que não me responsabilizo pelo que dele se deduza. até porque confesso, quando o comecei estava à espera de ser surpreendido pelo texto já que não me conformo com a dimensão reducionista que ele apresenta da nossa viagem comum pela blogosfera. por poder fazer incorrer em erro sobre aquilo que eu penso desde já as minhas desculpas. quando o completar irei fazê-lo sobre este texto, identificando a actualização]
Acho que tens razão. Agora que entrei no barco, estou a pensar prosseguir no cruzeiro, mas quando acabar, acho que devíamos voltar aos cafés de antigamente, a única boa maneira de conversar.
Parece que dei uma dimensão exagerada ao "como se fosse o mesmo autor", o que não pretendia. Agora até penso que não devia ter abordado esta questão. Na verdade, não tenho esse direito.
Quanto ao resto, prevejo que a blogosfera será no futuro um meio de expressão e de divulgação que se tornará cada vez mais influente, mas sem qualquer tipo de inocência.
Nasceu como utopia e está a transformar-se numa economia de mercado.
Ainda bem!
Muitos dos seus textos já deveriam estar numa livraria, pelo menos para estarem acessíveis aos que não se passeiam por estes caminhos.
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