B'leza na noite

É oficial. O B'leza, espaço das nossas mil e uma noites está ameaçado de morte. Segunda-feira é muito provavelmente a sua última noite. Há um ar de últimos dias nestas noites finais do B'leza. Entre o kizomba, o funaná, a morna e a coladera aqui construi-se um verdadeiro espaço de mescla entre os tons da pele e as cores das nossas culturas. O B'leza sempre foi um lugar, o lugar da mestiçagem. Todos nós o sabemos. A Lisboa da Cultura, a Lisboa dos Povos, a Lisboa da diversidade construiu-se muitas vezes naquele solar velho, de madeira ressequida e estremecente. Essa Lisboa é que nos deve importar agora e para que ela não se perca é necessário não baixarmos as mãos. Para que este esforço do Alcides e da Madalena, de tantos e tantos, de todos nós, possa ser chão fértil. É a vida de todos nós que ganha com isso também. O que é estranho, sei, como é que a vida de todos nós pode melhorar por termos um espaço como o B'leza? Pode. Temos de mais na nossa cidade do que não interessa em relação ao sequestro da igualdade, do respeito, da mestiçagem. Precisamos de não deixar morrer o que é importante. O B'leza é de todos nós. Para que haja mais beleza na noite. Abaixo assinado em www.marvirtual.com/bleza