quarta-feira, novembro 02, 2005

Português suave

A loucura dos dias, dos meses, dos anos que passam é suave. Enrosca-se no nosso pescoço como um cachecol de arminho, ronrona no peito como um gato burguês, resguarda-se na mão como a tua mão. É suave a loucura quando escrevo estas linhas e não encontro ninguém a quem dirigir a correspondência. Escrever para quê? No peito enrosco-me na loucura de arminho. Não há endereço para este ronronar. Suavemente, abandono-me por falta de resguardo. Ninguém vai receber nunca tudo o que sou. Abre a mão.

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