terça-feira, dezembro 20, 2005

Manipulação absoluta?

Sondagem TSF/DN : Cavaco Absoluto. Segundo a sondagem, se as eleições fossem agora, o antigo primeiro ministro seria eleito, à primeira volta, com maioria absoluta. A sondagem, publicada no dia do debate entre os Garcias Pereiras Soares e Cavaco, é analisada dando a ideia de que a maioria das pessoas não acredita na segunda volta. Que o homem de Boliqueime já ganhou. Numa pequena caixa no final da página seguinte a surpreendente revelação: Cavaco perde sete pontos de Outubro a Dezembro. Em rigor só um candidato não perde: Mário Soares. Fica portanto a dúvida se a condicional " se as eleições presidenciais fossem hoje..." é apenas uma condição necessária para a realização da sondagem ou se é também uma tábua de salvação para o candidato social democrata, que está possuído de uma dinâmica de...derrota. É que a margem de indecisos mais do que duplicou desde Outubro, com um grande contributo de Cavaco Silva. Manuel Alegre, Louçã e Jerónimo também ajudam a aumentar o espectro de indecisão que paira nas piores eleições presidenciais de que tenho memória. Se o for, se for legítima a permissa de que ele só tem perdido votos desde que se anunciou candidato, então a dúvida será, ele irá ou não perder os votos que obriguem a uma segunda volta? Se assim for, no dia de um debate entre os dois principais candidatos, pelo menos em termos de retórica política instalada, esta sondagem é uma ameaça para Cavaco Silva. Porque é que não se fica com esta ideia ao ler o DN de hoje *? Ainda para mais ela contraria a tese veiculada por este candidato de que os portugueses estão esclarecidos, que não é preciso mais debates. Não, segundo a sondagem da TSF/DN de Novembro para Dezembro, mais oito por cento de portugueses ficaram indecisos o que mostra que esta campanha não está a servir para esclarecer os eleitores. Porque será? Quem quer assumir responsabilidades nisso? _________________________________________ * Aliás, até a correcção linguística do lead ("um em cada cinco socialistas vota no social-democrata, que ganha à primeira volta"), misturando os tempos verbais do presente com os do condicional parece infeliz. Como se não se soubesse que ou na sondagem um em cada cinco socialistas votou no social democrata, ou, que, se as eleições fossem hoje, um em cada cinco eleitores votaria no candidato social democrata. É a vida. As condicionais sempre tramaram os absolutos que nos rodeiam.

Sem comentários: