quinta-feira, fevereiro 02, 2006
Desculpe deixou cair a sua luva
Um toque firme no ombro. Aqueles segundos que demoram alguns pensamentos. A rua larga de lojas, que se abria na praça da fonte, testemunhava na azáfama a confluência dos subúrbios ao centro. Ainda assim, os sapatos dos homens e mulheres mediam os passos de amplitude orquestrada pelo vento do rio, mais devagar que em outras manhãs. Umas mãos pequenas e perfeitas seguravam um cordel que pendia de um balão, com cara de sol alegre, a querer voar para longe, parendo ter vontade de desafiar as leis físicas , levando com ele o menino das mãos pequenas. Observava tudo sem interferir, alerta num jogo sinestésico e misterioso. Um toque firme no ombro. Uma segunda vez. Tardei em voltar-me. Quis imaginar quem poderia ser. Desejar quem queria que fosse.
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