quarta-feira, março 01, 2006

À procura do fim

Mesmo num amor como este, há um fim. Não o seu fim, é inesgotável um amor assim, mas um fim. Como se um diálogo com, não sei se a morte, pelo menos a ideia de morrer. É terrível. Parece que a única coisa que um amor que exulta não pode ou não é capaz é de prever a sua desaparição. E é a única coisa que o fará sobreviver. Que o fará ser esse amor em devir que acontece, já aconteceu. Há um momento em que algo acaba. Em que tudo estala. Para não implodir, explode. Não sei do que são feitos os grandes amores, um assim, gigante, que não cabe em nenhuma parte do meu corpo, só agora. Mas avanço, na ideia de que o amor crescente, e é esse o que nos conheço, é feito de mortes várias. É por amor que o levo pela mão, com a ternura inteira de que sou capaz, a conhecer a face branca. Logo ali se tingerá das cores mais inauditas. Tem sido assim, sempre inaudito desde que nasceu.

1 comentário:

Lyra disse...

os grandes amores nunca se conseguem descrever. Por mais palavras, por mais que a gente os pinte, os represente. Os grandes amores só são possiveis de serem sentidos. Nenhum poeta, nenhum sábio, ninguém nunca, conseguiu transmitir por palavras, por desenhos, por música, o que se sente na alma, a transformação dos sentidos quando se vive um grande amor. Tambem não sei de que são feitos os grandes amores mas ás vezes dou por mim a acreditar que são obra de um Deus qualquer. Que dividiu um ser em dois corpos e que depois os separou. E depois divertido, ficou a observar o jogo do amor. A procura do outro, e a sorte daqueles que conseguiram encontrar a metade. dois corpos, uma só alma.