terça-feira, março 14, 2006

Restauradores, Lisboa, 21.20

O homem estava deitado no chão, a mão no peito, o joelho flectido. Uns metros atrás, alguém fazia um filme. Publicidade, pelos projectores. Mas ele estava mesmo deitado no chão, de mão ao peito, com o joelho direito flectido. Estava mesmo aflito, alguém perguntava até se se sentia melhor (pelo menos sabia que tinha sido pior minutos antes). A dois metros dele, no chão, o giz branco que se repete no metro, na calçada, em todo o lado, a marcar o lugar onde alguém pode morrer se o coração lhe rebentar. Mas o homem não morreu, eu não abrandei o passo e a marca de giz ficou lá. A publicidade, havemos de a ver todos um dia destes.

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