sexta-feira, abril 28, 2006
Há muito tempo que não escrevo um texto onde me enfureça. E não tenho sobre isso algum tipo de preconceito. Há pessoas que resistem a escrever textos furiosos porque sabem que não se enfurecem na vida de todos os dias. São honestos, dignos e realistas. Assumem a supermacia do real e por isso não admitem que a escrita possa, puerilmente, debruçar-se sobre o que não contêm. Eu não serei desses eleitos. Tão pouco me encontro entre aqueles que escrevem furiosamente para tocarem ao de leve na espinal medula da violentação, da violência. Aquelas pessoas, homens e mulheres, que são obrigados a levar uma vida doce e que ali, entre palavras, descobrem o mínimo denominador comum da heroicidade. Da ira. Os blogues são os lugares próprios destes portugueses e portuguesas. A minha falta de fúria tem a ver com outro tipo de factores. Acomodei-me há minha tranquilidade.
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