quarta-feira, maio 31, 2006

As leis da atracção

Na Antena 2 escuto uma socióloga e um matemático que analisam, à luz dos seus conhecimentos específicos, as condições propícias para o exercício do amor. A forma como a diferença medeia uma relação é uma delas. Por exemplo, a nível dos conhecimentos académicos. Do dinheiro. Da idade. Da etnia. Olho para o meu umbigo: há quase um ano que chamo meu amor a uma mulher que tem menos vinte anos do que eu. Foi um choque para mim quando percebi que estava tão apaixonado que não podia virar a cara para o lado. A minha alma provinciana cuidadosamente alimentada durante quarenta anos olhou para mim, fez uma cena de ciúmes à antiga e pirou-se. Não fui atrás dela. Nem sei para onde foi. Deve estar surpreendida por nunca mais a ter procurado. Não preciso dela. É um bocado triste dizê-lo - principalmente porque passei uma vida inteira a nutri-la - mas a verdade é que não preciso da minha alma provinciana para nada. Há vezes em que ainda aparece, sinto-a a rondar os meus caminhos mas nunca mais a procurei. Acho que nunca tinha sido obrigado a crescer tanto e assim, tão rapidamente. Nem mesmo quando, aos dezoito anos, jovem timido, neurótico, entrei no Casarão Cor de Rosa da Praça de Espanha para um curso de teatro. Ou quando vi o meu irmão a dar um beijo num gajo e percebi que tinha de reorganizar todas as expectativas em relação a ele.

5 comentários:

Anónimo disse...

é isso que eu gosto da vida, está sempre a fazer-nos engolir sapos e a mudar de ideias face a coisas que tinhamos como certezas inabaláveis. Vamo-nos despejando de tanta coisa que não nos falta, deixando na reciclagem preconceitos que nos aprisionam o ser... Parece que são poucas as águas que podemos dizer que não beberemos. Oxalá pudesse haver uma maneira de reciclar preconceitos em águas minerais, pelo menos garantiria uma maior segurança face à crise de escassez de água.

Elisa disse...

Psst... ainda que seja um facto... isto é que as nossas escolhas amorosas, sejam realmente feitas em função desses (e de outros) critérios... não acredites em tudo o que dizem as sociólogas... ;-)

Anónimo disse...

Convidamos-te para um fim de tarde no nosso blog. Dá direito a um salgadinho e uma bebida à escolha..

sem segundas intenções...respira-se o mesmo ar aqui.

gosto tanto do que escreves que era capaz de te matar, e roubar os teus textos...e dizer que eram meus...

bejos

JPN disse...

ok, abro uma única e prolongada excepção: acredito em ti elisa.

Elisa disse...

JPN
Hum... não acredites em tudo o que eu digo, também.
Bj