quinta-feira, junho 01, 2006

Anti-tese

Sempre quis isso mesmo, as palavras pela vida, as únicas coordenadas geográficas que sinto, mapear a distância que me separa do verbo que define o que faço e do adjectivo que, verbalmente, me foge. Sempre, podia ser um provérbio se não fosse um advérbio, assim colocadas juntas estas palavras parecem antítese uma da outra, uma provada de experiência feita, a outra anterior a todas as coisas, sem contaminação de vida. Tudo muito proverbial. E a antítese pode ser fragmentada em algo igualmente opositor, duas palavras aborrecidas sentadas de costas voltadas, com um hífen/himen a colocar reticências a qualquer lição que daí se possa tirar. De duas palavras sentadas costas voltadas. Sempre quis as palavras, derivar como agora a quatro mãos, houvesse quem me acompanhasse neste trekking, subir parênteses rectos e curvos sem corda amarrada a nenhum acento, grave ou de chapéu (o que confere um ar igualmente grave), dobrar vírgulas como quem dobra o cabo das tormentas, plantar pontos finais para que fecundem outra frase. Despentear um asterisco. Fazer directas com o Z. Sempre quis as palavras. Só tenho uma imagem dessa pretensão. A duas mãos.

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